segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Solidários até a raiz dos cabelos

Para algumas mulheres que se deslocam cotidianamente em pequenas embarcações no Pará, o final de uma curta viagem pode ser uma tragédia. Sem proteção no eixo dos motores, muitas são vítimas dos acidentes de escalpelamento. A tragédia, além de deixar marcas físicas irreparáveis, mexe profundamente com a autoestima e a confiança.
Para tentar amenizar este sofrimento, a organização não governamental (ONG) Ribeirinhos Vítimas de Acidente de Motor (Orvam) realizou durante todo o domingo a campanha “Minha vida por um fio: transforme um fio de cabelo em uma esperança de vida”, onde foram arrecadados fios de cabelos de voluntários para confecção de perucas que posteriormente serão doadas às mulheres atendidas pela instituição.
Para a presidente da ONG, a assistente social Maria Cristina Santos, este trabalho estimula a vítima de acidentes de escalpelamento a trabalhar a autoestima, lutar contra o preconceito e a promover sua inserção no mercado de trabalho. Este Natal vai ser diferente para a lavradora Maria Evanei da Costa, 40 anos. Ela recebeu da ONG a primeira peruca pós-acidente. Em 2002, quando viajava a bordo de um barco sem proteção no motor pelo rio Juruaçu, que banha o município de São Sebastião da Boa Vista, Maria tropeçou e caiu. “Lembro da dor e desespero que senti quando meu cabelo foi enroscado pela hélice”. De lá para cá, passou por diversas cirurgias. “Acho que a peruca vai diminuir meu sofrimento, já que as pessoas não vão mais me olhar de cara feia.”
A peruca que Maria Evanei vai usar foi confeccionada pelas próprias meninas do instituto. Entre elas, a jovem Balbina Figueiredo. Discreta, aos 24 anos ela pouco fala sobre o acidente ocorrido quando tinha apenas 11 anos. “É muito dolorido, prefiro olhar pra frente, o futuro nos reserva coisas muito boas depois de tanta agonia”
As marcas, depois de oito cirurgias reparadoras, são quase imperceptíveis. “Hoje uso apenas o aplique. Com as operações pude recuperar parte dos fios de cabelo. Mas tenho acompanhado de perto a luta das que não poderão ter seus cabelos de volta”, disse.
Balbina se profissionalizou em confecção de perucas em São Paulo, graças ao instituto. Hoje, além de ajudar outras vítimas, ganhou uma profissão. Aos 24 anos, ela não gosta de falar sobre o fatídico dia, quando ainda tinha apenas 11 anos de idade e se deslocava para o município de Anajás em uma embarcação precária. , justifica.
ASSISTÊNCIA
A Orvam atende 60 mulheres da capital e do interior, em parceria com o Espaço Acolher, extensão da Santa Casa de Misericórdia do Pará, que realiza o tratamento médico às escalpeladas.
A ONG precisa da ajuda de voluntários para conseguir a quantidade de cabelos necessária para confecção das perucas. “Quem quiser colaborar é só ir até o seu cabeleireiro de confiança, cortar uma quantidade considerável do cabelo e comparecer à sede da Orvan”, destaca a presidente do instituto.
A Orvan está localizada na Avenida João Paulo II, no bairro de Souza, 144. 


Fonte: Diário do Pará

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