A venda da distribuidora paraense Celpa não vai
resolver definitivamente os problemas financeiros do Rede Energia, que
ainda precisará de uma capitalização, conforme afirmou ontem o
controlador do grupo, Jorge Queiroz. Ele disse que outras empresas do
Rede Energia podem ser vendidas, inclusive em bloco, mas deixou claro
não ter recebido nenhuma oferta concreta.
“Tivemos muita conversa, mas nenhuma proposta”,
revelou Queiroz, em audiência pública na Câmara dos Deputados. Segundo
ele, se a Equatorial concretizar a compra da Celpa, será um “grande
passo” para melhorar as contas do Rede Energia, mas “não o suficiente”.
“O grupo ainda precisa de capitalização.”
Além da Celpa, outras oito distribuidoras fazem parte
da holding. As maiores são a Cemat (MT), a Celtins (TO) e a Enersul
(MS). Cinco empresas paulistas de pequeno porte também estão na lista:
Bragantina, Caiuá, Companhia Força e Luz do Oeste, Nacional e Vale
Paranapanema.
Quanto ao futuro da Celpa, que está em recuperação
judicial e tem uma proposta de compra pela Equatorial Energia, Queiroz
garantiu que o governo apoia o negócio. “Essa proposta é muito bem vista
por todas as autoridades federais e pelo governo do próprio Estado”,
comentou o empresário, à frente do conselho de administração da
distribuidora paraense. A Celpa terá uma assembleia de credores na
segunda-feira, mas tudo indica que uma decisão será adiada. “É normal,
nesses casos, que os credores peçam adiamento. A segunda assembleia,
então, seria no início de agosto”, disse Queiroz, traçando um cenário
otimista. “A Celpa caminha para ter uma recuperação judicial bem
sucedida.”
Queiroz vê a necessidade de capitalizar a própria
Celpa e alongar o perfil de sua dívida, mas garante que o plano de obras
apresentado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) será
cumprido. Ele argumentou que já se pode notar a evolução dos indicadores
de qualidade dos serviços. Na região metropolitana de Belém, por
exemplo, houve redução superior a 25% na frequência e na duração dos
cortes de luz desde o início de 2011.
O DEC, indicador da Aneel que mede a duração das
interrupções no fornecimento, caiu de 52,6 horas/ano em janeiro de 2011
para 39,2 horas/ano em fevereiro de 2012. “A meta da Aneel é de 32
horas/ano”, afirmou. O FEC, índice que registra a quantidade de
interrupções, caiu de 36,9 vezes/ano para 28,6 vezes/ano no mesmo
período, na região metropolitana de Belém. “Isso é 30% menos do que o
poder concedente tem nos exigido”, completou.
O presidente do Sindicato dos Urbanitários do Pará,
Ronaldo Cardoso, defendeu a federalização da distribuição pela
Eletrobras. “Hoje a Cemar (empresa maranhense controlada pela
Equatorial) está entre as cinco maiores tarifas do Brasil, mas demitiu
1.400 mil trabalhadores desde que a Equatorial assumiu a gestão. A
solução passa pela federalização da Celpa. Não podemos admitir que o
governo federal tenha R$ 30 bilhões para investir em Belo Monte e não
tenha dinheiro para assumir a distribuidora do Estado. O Pará não é o
almoxarifado do Brasil.”
Fonte: Valor Econômico
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