terça-feira, 10 de abril de 2012

Bernadete vai exigir da tribuna da Alepa providências para identificação e prisão dos matadores de pescadores de Ulinanópolis

Policiais e familiares se dirigem para o local onde os corpos foram encontrados
A deputada Bernadete ten Caten, PT-Pa tomou conhecimento ontem cedo do bárbaro assassínio de que foram vítimas os pescadores paraenses Antonio Carlos Pereira de Sousa, de 33 anos, e Bianor Ricardo dos Santos, 34, na estrada da “Caça Taca”, às proximidades da fazenda do pecuarista Zandino Uliana, no município de Ulianópolis, no sudeste do Pará. As vítimas foram executadas a bala, por pistoleiros, e tiveram seus corpos queimados, tendo sido encontrados anteontem, segundo disse o delegado Joazil Serrão, da delegacia local. O crime é registrado há poucos dias em que a parlamentar deu entrada com um requerimento na Assembleia Legislativa do Estado solicitando do procurador geral de Justiça do Ministério Público Estadual, providências em relação à falta de segurança em nosso Estado. No documento, ela historia fatos recentes não apenas na região dos Carajás, que está totalmente abandonada pelo sistema de Segurança Pública, como também, se reporta aos fatos lamentáveis que ocorrem sobretudo na Grande Belém, onde várias pessoas têm sido mortas por motoqueiros que usam seus capacetes para se esconderem, matam e fogem sem serem jamais identificados. O modus operandi é sempre o mesmo, relata.
No caso de Ulianpópolis, este não foi o primeiro caso de violência nessa área. Em setembro de 2009, a tiros, foi assassinado o também pescador Raimundo Nonato Alves Arruda, um maranhense de 44 anos.
Em ambos os casos, as vítimas saíram para pescar perto de um criadouro particular pertencente ao pecuarista Zandino Uliana que, segundo seu filho, Renato Uliana, encontra-se em tratamento de saúde fora do Pará há cerca de quinze dias. O filho do pecuarista nega qualquer envolvimento de sua família com o caso e que o crime tenha ocorrido no interior de sua propriedade.
De acordo com a deputada Bernadete, “nosso mandato vai cobrar das autoridades deste Estado que este fato seja apurado, que os criminosos sejam identificados e presos, sejam quem forem. Estamos cansados de ver injustiças, com pessoas indefesas, pobres, sendo assassinadas”.
Além de se pronunciar no plenário da Assembleia Legislativa do Estado acerca desse fato e de vários outros que já aconteceram e continuam acontecendo nas regiões sul e sudeste do Pará, a deputada Bernadete pede em seu requerimento a intervenção do governo no sentido de se colocar um ponto final nessas histórias de impunidade, onde quase nunca os mandantes dos crimes são realmente identificados e, tampouco, julgados para pagarem pelos crimes cometidos.
Bernadete se disse assustada com tamanha violência e, para ela, o caso ocorrido nesse fim de semana a onze quilômetros da sede do município de Ulianópolis foi “uma tragédia”.
Ela também se solidariza com as famílias de Antonio Carlos e Bianor, nas pessoas das esposas, as senhoras Gilverleide Silva e Marilene de Sousa Santos, prometendo que usará a tribuna para denunciar os fatos e cobrar providências enérgicas.

REQUERIMENTO
No documento encaminhado, semana passada, à mesa diretora da ALEPA, a deputada Bernadete salienta que “matéria publicada no Jornal “Correio do Tocantins” no dia 07 de fevereiro deste ano mostra o total abandono por parte do governo do Estado na região do Carajás. Mas, nobres colegas, os fatos se repetem por todo o nosso Estado conforme fatos divulgados por todos os meios de comunicação, sobretudo da Grande Belém, onde, também, recrudesceram os índices de violência, com dezenas de assassinatos, sobretudo na periferia, cometidos muitas vezes com o mesmo modus operandi, onde homens escondidos pelos capacetes de segurança das motos, se aproveitam dos equipamentos para executarem suas vítimas e fugirem sem ser importunados, identificados e presos, na maioria dos casos, caminhando para o rol dos chamados crimes insolúveis, porém, atribuídos pela Polícia ao tráfico de entorpecentes.”
Ela diz ainda que “tamanho é o índice de violência em nosso Estado e, em especial, no sul e sudeste do Pará, que a Secretaria de Estado de Segurança Pública, ressuscitou a antiga Divisão de Crimes Contra a Pessoa hoje chamada Divisão de Homicídios da Polícia Civil. A taxa de homicídios na região de Carajás é duas vezes maior do que a do Estado de Rio de Janeiro (33 por 100 mil) e seis vezes a de São Paulo (11/100 mil). Os homicídios em Carajás também superam Honduras, o país mais violento do mundo, que teve 58 assassinatos para 100 mil habitantes em 2008.
Para termos uma ideia da gravidade, só em Marabá foram registradas 441 mortes violentas durante todo o ano passado, sendo: 175 vítimas de arma de fogo, 93 de acidentes de transito, 55 de arma branca e 17 pela ação de objetos contundentes (como paus, por exemplo.)
A estatística, divulgada pela direção do Centro de Perícias Científicas (CPC) ¨Renato Chaves¨, apresenta a cidade de Marabá com números superiores aos observados nos outros 26 municípios de abrangência do órgão. A segunda colocada no ranking da insegurança foi Parauapebas, com 197 mortes e a terceira, Itupiranga, com 59. A soma de todos os municípios é de 933 cadáveres de cidadãos que sofreram algum tipo de violência.
Um dado estarrecedor é a falta de prioridade dada pelo governo estadual na estruturação do quadro de pessoal conforme nota do jornal. Atualmente são 17 peritos quando o número ideal seria de 35, ou seja, menos da metade.
Esses altos índices de homicídios mostram que o governo paraense não garante condições de gerir apropriadamente todo o seu território. Toda essa violência é um sintoma da ausência do Estado nesta região que, no ano passado, tentou se emancipar para se transformar no Estado de Carajás. Precisamos, agora, cobrar que o Estado se faça presente no Estado como um todo, e não apenas na Região Metropolitana, onde, temos certeza, os problemas também são enormes, causando grandes sofrimentos à nossa população.
Aproveito para resgatar dados de que desde 1996, todos os anos, o Pará é o campeão absoluto em assassinatos no meio rural. Nesses 15 anos, das 555 mortes no campo registradas em todo o país, 231 (41,6%) ocorreram no Pará, segundo relatórios da CPT (Comissão Pastoral da Terra). O Estado também está no topo do ranking de ameaças de morte, com pelo menos 30 camponeses “jurados” de morte ao longo do ano”, pontua a parlamentar questionando: “Qual o compromisso do governo para acabar com a violência se diante desse quadro a DECA de Redenção e de Paragominas foram fechados? A DECA de Marabá está esvaziada e estão tirando pessoas.
Na região Sul e Sudeste o governo anterior inaugurou novas delegacias e até hoje a Delegacia de Cumaru não foi inaugurada conforme requerimento encaminhado em 2010.
De 2009 para 2010, o número absoluto de ocorrências policiais registradas no Estado do Pará cresceu de 310.204 para 430.916, e o número de ocorrência para cada grupo de 100 mil habitantes evoluiu de 4.160 para 5.789, representando um aumento em torno de 39% no período em análise.”

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