terça-feira, 18 de dezembro de 2012

À procura do Messias na Amazônia

O presidente do PT-PA foi o vencedor do concurso da secretaria de cultura do PT nacional com a crônica abaixo:

"Descobrir a força do PT e de LULA na Amazônia, tem sido simplesmente emocionante. Em setembro de 1993 iniciou-se uma demorada e reveladora viagem de barco, partindo de Manaus a Belém, denominada “Precursora da Caravana da Cidadania”. O grande desafio enfrentado por Clara Ant, João Batista, Luiz Fernandes Babão e Cíntia Campos foi viajar durante vinte e um dias a bordo do barco Comandante Abraão, de Manaus até Santarém e de Santarém a Belém, navegando sobre as águas dos rios Negro, Solimões, Amazonas, Tapajós, Tocantins e ainda sobre igarapés, furos, paranás e baías. A missão: preparar a futura caravana das águas, como parte das diversas caravanas da cidadania, que Luis Inácio Lula da Silva realizava por todo o Brasil, naquele ano. 

A primeira providência foi pleitear junto à Capitania dos Portos da Marinha Brasileira, em Belém, as cartas náuticas; documentos obrigatórios aos navegadores e indispensável à equipe para que tivesse livre acesso ao conhecimento dos rios amazônicos, bem como acerto na definição de roteiros, paradas e avaliação do tempo de deslocamento. 

Após quatro dias de preparativos, a equipe, acrescida do então deputado estadual Sabá Nunes, pelo PT do Amazonas, zarpou do porto de Manaus, com roteiro de paradas parcialmente definido e com minucioso questionário a ser preenchido em cada localidade. Vários aspectos foram destacados na decisão das paradas e do tipo de evento que constaria da programação da caravana, a saber: o social, o político, o econômico, ambiental, cultural assim como tradições, costumes e outros; a força do PT e de possíveis aliados e apoiadores e dos adversários, além de suporte nas áreas de saúde e segurança. 

A primeira missão foi bela pela própria natureza: ver, admirar, registrar o encontro das águas dos rios Negro e Solimões formando, assim, o rio Amazonas. A equipe parou na vila São Raimundo, no rio Paraná da Eva, Itacoatiara, Urucurituba, Maués, Boa Vista Ramo, Barreirinha, Parintins, Vila Amazonas, todos no Estado do Amazonas. Em águas paraenses, Juruti, Porto Trombetas, Oriximiná, Óbidos, Santarém, Monte Alegre, Prainha, Almeirim, Vila São Raimundo do projeto Jarí, Gurupá, Breves, Oeiras do Pará, Abaetetuba, Vila dos Cabanos, Barcarena e Belém, foram paradas, de igual maneira, importantes. Continuou-se, por via terrestre, a visitaçãoem Santa Izabel, Castanhal, Capanema e Bragança e por via aérea, de Belém a Macapá de onde saiu-se de carro e trem para visitar Santana, Serra do Navio e Mazagão, no Estado do Amapá. 

Em cada localidade onde a equipe chegou, seguia ao encontro dos contactos previamente estabelecidos, fossem eles lideranças partidária, sindical, religiosa, empresarial ou indígena. 

E o Messias? 

Chegando em Barreirinha, cidade amazonense onde nasceu o poeta Tiago de Melo, procurou-se a pessoa que havia como referência, com a qual não conseguiu-se contacto prévio, chamada Messias, índio da etnia Sateré-Maué e vereador do PSDB. Pelas informações obtidas, Messias apoiava LULA. Ao aportar no trapiche, às vinte e uma horas, aproximadamente, Luiz Fernandes Babão e Cíntia anunciaram que eram apenas assessores e não tinham obrigação de procurar, a tal hora da noite, alguém que sequer conheciam endereço, portanto, ficariam em um bar ali próximo, transferindo, assim, a responsabilidade para os líderes da missão. Mas o espírito guerreiro daquela liderança não se deixou paralisar e prosseguiu saindo pela praça e rua principal daquela pequena cidade. Indagou-se a todos que passavam, a respeito do paradeiro do índio Messias. Uma jovem que passeava de bicicleta disse que o conhecia e conduziu a equipe até sua casa. Após caminhada de mais de trinta minutos chegamos a uma pequena casa de madeira, onde insistentemente bateu-se à porta e, guardando uma certa distância observou-se o surgimento de uma fosca luz de lamparina. Uma mulher, de fisionomia indígena e assustada gritou: Messias não está. Viajou para Manaus. E fechou a janela. 

Desolados, os líderes comentavam entre si dizendo que a única pessoa que apoiava Lula e podia ajudá-los a organizar alguma atividade da caravana naquela cidade, não se encontrava. A jovem que os conduziu, de bicicleta, até ali, perguntava, cheia de curiosidade, o que queriam com o índio Messias. Explicou-se, então que, sendo ele vereador, necessário seria o seu apoio para organizar a vinda do Lula àquela cidade. Quando, porém, decidiram partir, a jovem, com semblante de surpresa e expressão de solidariedade, informou que sua professora era do PT. Naquele momento a alegria se fez sentir e, imediatamente Clara Ant montou na garupa da bicicleta e pediu à jovem que a levasse à casa da professora. Os outros líderes seguiram a pé e ao cruzarem uma esquina observaram que uma mulher e três homens, conversavam, animadamente com livros e cadernos à mesa de um pequeno bar. Indagamos, então, será aquela a professora? 

Foram ao encontro de Clara que seguia com a jovem de bicicleta. Retornaram então ao bar, e ali a jovem apresentou ao grupo do PT, os professores que estavam reunidos. Num misto de alegria e desconfiança, os educadores receberam os missionários que gastaram tempo e palavras para convencerem a respeito de seus propósitos, e assim justificar aquela visita que buscava elementos para incluir aquela cidade no roteiro da caravana. 

Quase meia noite, a equipe completa e guiada pelos quatro professores, era observada por curiosos. Visitou-se igreja, escola, quadra de esporte, praça, conhecendo, por fim, um pouco da história daquele lugar, marcado essencialmente pela cultura indígena. Chegou a madrugada e a equipe missionária despediu-se dos bem aventurados professores, retornando ao barco Comandante Abraão. 

Com o barco em movimento, a equipe adicionou a um lanche, a avaliação de suas atividades naquele exaustivo e longo dia. Naquela ocasião, com olhar e tom de voz misteriosos, Luiz Fernandes Babão pronunciou: “é inacreditável o que vivemos hoje, após dois mil anos, nessa imensidão de água e floresta que é a Amazônia, ver João batista, aquele que anuncia, e uma judia, procurando o Messias!” 

Dias depois, o índio Messias foi localizado e, junto com os professores, construiu uma belíssima programação, que apresentou, no ritual indígena, a dança da tucandeira, principal atividade que marcou a passagem da Caravana da Cidadania e de Lula, pela cidade de Barreirinha."

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