sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Bernadete cobra do MPE e MPF ação civil pública para averiguar saúde pública em Marabá


A Deputada Bernadete protocolou junto ao Ministério Público Estadual e ao Ministério Público Federal pedido de intervenção na saúde pública do município de Marabá. Segundo o documento, graves fatos vem ocorrendo em relação à saúde pública no âmbito municipal, que vão desde a falta de atendimento médico-hospitalar e de medicação à população, até indícios de morte por falta de socorro médico.
O documento reúne informações coletada de jornais locais e de mídia nacional, onde são denunciados falta de estrutura e equipamentos para o exercício do trabalho médico, bem como omissão da implementação da atenção básica da saúde, como, por exemplo, o Programa Saúde da Família, que deveria estar acontecendo com 32 (trinta e duas) equipes, segundo o Ministério da Saúde e, no entanto, apenas 01 (uma) equipe funciona, das duas instaladas. Isso produz um acúmulo de demanda no Hospital Municipal.
Bernadete disse que todo esse caos não se justifica, pois “repasses de verbas estaduais e federais são feitos regularmente, destinados ao atendimento da saúde básica no município de Marabá. Só do Governo Federal, através de repasse Fundo a Fundo, a Prefeitura de Marabá recebeu de janeiro a agosto deste ano, o valor de R$ 23.474.178,02 (vinte e três milhões, quatrocentos e setenta e quatro mil, cento e setenta e oito reais e dois centavos). Estes recursos deveriam ser aplicados nos programas de Atenção Básica (R$ 5.495.240,76), em Alta e Média Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (R$ 15.808.332,74), Vigilância em Saúde (R$ 1.410.237,88) e Assistência Farmacêutica (R$ 760.366,64)”, disse.

(confira abaixo a íntegra do documento)





Assembleia Legislativa do Estado do Pará - ALEPA
Gabinete da Deputada Estadual Bernadete ten Caten - PT



EXMO(A). SR(A). PROMOTOR(A) DE JUSTIÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

                                                            
BERNADETE TEN CATEN, brasileira, casada, CPF nº 332.576.040-68, com endereço à Av. Amazonas, Quadra D 721, Lote 25 a 32, Apto. 201, Bloco B, Belo Horizonte, cidade de Marabá, estado do Pará, CEP 68.535-070, Deputada Estadual pelo PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) na Assembleia Legislativa do Estado do Pará, no exercício de suas funções institucionais e atribuições legais, vem, respeitosamente, diante de Vossa Excelência, solicitar intervenção na saúde pública de Marabá, devido a graves fatos que vem ocorrendo no âmbito municipal. Fatos que vão desde a falta  de atendimento médico-hospitalar e de medicação à população, até indícios de morte por falta de socorro médico. Faz-se com base nos fatos e direitos que passo a expor.
Sabe-se que quem mais depende do serviço público, seja nos Postos de Saúde, seja nos Hospitais, em geral são pessoas de baixa renda que não dispõem de planos de saúde privados e nem de recursos financeiros para consultas e exames com médicos particulares; a falta de um atendimento digno e de qualidade na saúde pública municipal deixa essa população à mercê da própria sorte, que vê seus direitos constitucionais desrespeitados sem que os responsáveis por essa situação de abandono sejam de alguma forma penalizados.
Em matéria veiculada no Jornal Opinião,  edição de  18 a 20/08/2012,  anexo 1, intitulada “Médicos ameaçam debandada geral”, consta a situação caótica envolvendo a rede de saúde pública municipal de Marabá; nessa reportagem, “profissionais dizem que estão sendo pressionados a trabalhar sem a menor estrutura para isso”. A falta de condição de trabalho aos profissionais da saúde, ainda conforme a reportagem, é  a responsável pelo não atendimento em pelo menos 12 (doze) postos de saúde da área urbana, desde o dia 16 de agosto p.p.. A situação pode ficar ainda pior, haja vista que cerca de 35 (trinta e cinco) médicos – inclusive concursados- manifestaram interesse em deixar o serviço público por falta de infraestrutura, que certamente culminará com o agravamento da saúde – e quem sabe até com a morte- de centenas de pessoas que ficarão sem atendimento por má gestão dos recursos destinados à saúde.
Continuando a exposição da situação caótica da saúde pública, a matéria supra citada apresenta cópia da ocorrência policial na qual 7 (sete)  médicos denunciam a falta de condições básicas de trabalho. Nela registraram que no Hospital Municipal há falta de medicações e materiais de uso no serviço de urgência e emergência, como: soro fisiológico, água destilada, Isordil, Tramal, Bucospan Composto, Adenosina Tubo Endotraquial, esparadrapo, morfina, manitol, aparelho de Raio X danificado, aparelhos de ventilação mecânica insuficientes, laboratório de análises clínicas sem funcionar, dentre uma série de outros itens,  inviabilizando o trabalho médico, pondo em risco a vida dos usuários que necessitam de atendimento no referido Hospital.
Além da ocorrência policial, foi apresentado à equipe de reportagem uma série de ofícios datados desde o ano de 2011, encaminhados à Secretaria Municipal de Saúde, cobrando material para trabalho tanto no Hospital quanto nos Postos de Saúde, onde a situação é ainda mais gritante. Como já foi falado, esta situação põe em risco a vida dos pacientes, mas também a carreira profissional dos médicos, pois caso venha a ocorrer algum óbito por falta de atendimento, poderão responder por omissão médica, conforme prevê o Código de Ética Médica.
O jornal Opinião continua a denunciar o descaso com a saúde pública na edição de 23 e 24 de agosto de 2012, anexo 2, na matéria intitulada “Crise na saúde. HMM só atende urgência e emergência”. A reportagem reafirma a falta de material para atender os pacientes, até comida já faltou, e a situação só tende a piorar.
Por todas as denúncias veiculadas diariamente na mídia local, onde os próprios usuários  utilizam os meios de comunicação para externar sua insatisfação, indignação e repúdio diante da falta de assistência médica na rede municipal de saúde, denunciando que o Hospital Municipal de Marabá não está realizando cirurgias por falta de medicamentos, inclusive anestesia; que nos Postos de Saúde crianças deixam de ser imunizadas por falta de seringas e agulhas descartáveis para aplicar a vacina, dentre outras, podemos ousar sentenciar que a saúde pública de Marabá pode estar à beira de um colapso, considerando o cenário de absoluta falta de estrutura e quadro de profissionais reduzido – sobretudo médicos – que fragilizam os serviços na área da saúde pública.
Há de se convir que todo esse caos não se justifica, pois repasses de verbas estaduais e federais são feitos regularmente, destinados ao atendimento da saúde básica no município de Marabá. Só do Governo Federal, através de repasse Fundo a Fundo, a Prefeitura de Marabá recebeu de janeiro a agosto deste ano, o valor de R$ 23.474.178,02 (vinte e três milhões, quatrocentos e setenta e quatro mil, cento e setenta e oito reais e dois centavos). Estes recursos deveriam ser aplicados nos programas de Atenção Básica (R$ 5.495.240,76), em Alta e Média Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (R$ 15.808.332,74), Vigilância em Saúde (R$ 1.410.237,88) e Assistência Farmacêutica (R$ 760.366,64); é o que informa o portal do Fundo Nacional de Saúde, conforme anexo 3, planilha de Desembolso Financeiro por Regime de Caixa (2012) – Marabá-PA.
Pergunta-se: onde e como estão sendo utilizados esses recursos? O que justifica  os investimentos insuficientes – e por que não dizer vergonhosos – na saúde? Esta também é uma preocupação do Ministério Público Estadual, que investiga irregularidades na saúde de Marabá, conforme matéria publicada no site g1.globo.com , intitulada “MPE investiga irregularidades na saúde em Marabá-PA”, datada de 24 de agosto de 2012, anexo 4. Deste texto, ressalta-se a fala da promotora de justiça, Ana Maria Carvalho, ao dizer que “há mais de oito meses o HMM não realiza cirurgias eletivas por falta de material, os exames médicos deixam de ser realizados por falta de componentes das máquinas, os atendimentos de urgência e emergência ficam paralisados por falta de luvas, de gesso, de seringa. A estrutura do hospital deixa a desejar, não tendo nem sala de isolamento”,  o que ratifica a veracidade das denúncias. E ao afirmar que será feito um estudo rigoroso da aplicação das verbas destinadas à saúde, a promotora demonstra que esta não será uma tarefa fácil, pois “para dificultar a fiscalização, o município deixou de usar o CNPJ do Fundo Municipal de Saúde e os recursos da saúde entram em uma conta geral”.
Denuncio, outrossim, a gravíssima omissão da implementação da atenção básica da saúde, omissão do município, como, por exemplo, o Programa Saúde da Família, que deveria estar acontecendo com 32 (trinta e duas) equipes, segundo o Ministério da Saúde e, no entanto, apenas 01 (uma) equipe funciona, das duas instaladas. Isso produz um acúmulo de demanda no Hospital Municipal.
Outra gravidade é o não funcionamento do mamógrafo há mais de um ano, o que aumenta o risco de morte de mulher por câncer não detectado.
Todos os fatos apresentados são de extrema gravidade. Sabe-se que a saúde é um direito social (art. 6º da CF/88) de todos e dever dos entes federados, necessitando ser garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (art. 196 da CF/88). E são de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Estado dispor sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado (art. 197 da CF/88). Negar o direito à saúde é, também, recusar o direito à vida.
Portanto, a saúde pública municipal necessita de urgente intervenção do Ministério da Saúde, que possui o papel fundamental de garantir a efetivação das políticas públicas federais, como também de fiscalizar o emprego de verbas oriundas dos programas federais, garantindo a sua devida aplicação, em defesa os princípios da legalidade, moralidade, saúde e dignidade da pessoa humana.
Diante do exposto, requeiro ao Ministério da Saúde,  intervenção na saúde pública de Marabá, âmbito municipal,  referente ao descaso com que é tratada a saúde, quer nos Hospitais, quer nos Postos de Saúde,  que culmina com a má qualidade do atendimento médico-hospitalar, apurando os fatos e responsabilizando os agentes públicos autores, inclusive, criminalmente.
Atenciosamente,


 Bernadete tem Caten
Deputada Estadual (PT-PA)

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