A
deputada estadual Bernadete ten Caten (PT/Pa) deu entrada, novamente, na
Assembleia Legislativa, com o Projeto de Emenda Constitucional propondo a
desapropriação de terras onde as autoridades flagrarem situações análogas à
escravidão. O projeto é dado entrada pela segunda vez, agora amparado por
recente decisão no Congresso Nacional. A parlamentar lembra que lei semelhante
já é aplicada no Brasil em se falando de tráfico de drogas, cujas propriedades,
compostas por bens como móveis, imóveis, veículos e dinheiro, são confiscadas e
tudo revertido em fundos para o combate ao tráfico de entorpecentes.
No
1º parágrafo §4º da PEC, fica estabelecido que “serão imediatamente
expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos da reforma
agrária ou a programas de habitação, sem qualquer indenização ao proprietário e
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, as propriedades e assentamentos
situados na jurisdição do órgão fundiário estadual, onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas; ficar comprovada a existência de
trabalho escravo”.
A
deputada petista justifica que no curso do século 21, em pleno Estado de
Direito, é “inadmissível a existência de trabalho escravo em nosso país,
especialmente no nosso Estado, posto que a escravatura está abolida desde 1888,
entretanto, as denúncias se sucedem, estarrecendo a nação”. Destaca que o Grupo
Móvel de Fiscalização, ligado à Secretária de Inspeção do Trabalho, do
Ministério do Trabalho, realizou dezenas de fiscalizações, quando centenas de
trabalhadores foram resgatados. Ao longo dos últimos oito anos, o Grupo
libertou, aproximadamente, 6.000 trabalhadores escravizados, contudo, face às
dificuldades encontradas, como quebra de sigilo das operações, falta de
recursos, principalmente para transporte das equipes, e atraso na realização de
diligências, colocando em r isco a integridade dos denunciantes, bem como,
falta de integração entre os organismos componentes do Grupo de Fiscalização
etc. a produção acabou desaparecendo, ou quase não se sabe mais de notícias.
Bernadete
justifica, ainda, que, todos esses entraves, aliados às penas irrisórias, bem
como, ao valor pequeno das multas aplicadas frente à gravidade da infração e
até mesmo as desapropriações das fazendas, onde flagrado o crime, com pagamento
de vultosas indenizações, trazendo grandes lucros para seus autores, evidenciam
a impunidade desse crime e incentivam a reincidência. Os criminosos, ao que
parece, acham bem mais lucrativo “pagar as multas e explorar essa prática
criminosa com evidente enriquecimento ilícito, pela vil exploração do ser
humano, do que evitar as punições leves”.
No
Pará, lembra a deputada Bernadete ten Caten, nas Fazendas Primavera, Boca
Quente, Forkilha, Estrela de Maceió, Maciel II, Flor da Mata e São Salvador,
apesar das autuações, multas e os processos criminais, há constante
reincidência no crime. Em razão da demora da justiça, e da pequena penalidade
prevista, facilmente os processos criminais são arquivados por prescrição,
ficando os criminosos sem condenação e não se caracterizando, formalmente, a
reincidência. Há apenas a constatação do fato. Deste modo, para a erradicação
do problema, a parlamentar diz ser de fundamental importância a aplicação de
uma penalidade “que atemorize o criminoso, pela possibilidade de um grande
prejuízo, além a privação da liberdade, da multa etc”.
Por
isso, a Proposta de Emenda Constitucional tem o objetivo de coibir a exploração
do trabalho escravo e a produção de drogas, por meio de um dispositivo
constitucional de efeito contundente e sem criar mais ônus para o Estado.
“Espero o apoio de meus pares para a inclusão dessa medida de Justiça Social,
com previsão na Constituição Estadual”.
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