Rio de Janeiro - Embora não haja uma orientação do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) sobre construções
sustentáveis nos assentamentos rurais, exemplos pontuais mostram que
esse conceito poderá, em breve, se propagar para todos os estados
brasileiros.
Uma dessas experiências é o Programa Terra Sol, do Incra na Bahia,
que visa a promover o turismo rural nos assentamentos agrários. Para
isso, o Incra está reformando a sede de duas fazendas que se
transformaram nos assentamentos de reforma agrária Baixão, em Itaetê, e
Boa Sorte Una, em Iramaia, ambos na Chapada Diamantina. Uma terceira
sede está em construção no município de Santo Amaro, no Recôncavo
Baiano, que reúne cinco assentamentos. A ideia, disse à Agência Brasil Alberto Viana, coordenador do Terra Sol na Bahia, é montar uma rede de meios de hospedagem para visitantes e turistas.
“Conseguimos incorporar ao projeto todos os requisitos de
sustentabilidade que um meio de hospedagem pode ter”. Entre eles,
destacou a energia solar e eólica (dos ventos), o biodigestor, a tinta à
base de água, o aproveitamento de água da chuva, a coleta seletiva de
lixo. No Assentamento Eldorado, em Santo Amaro, um dos bangalôs está
sendo adaptado para portadores de necessidades especiais, “que também é
um quesito de sustentabilidade”.
Outra preocupação é a incorporação da sustentabilidade social, a
partir do mecanismo de autogestão dos empreendimentos pelas comunidades.
“Assim como usar o próprio material da região para decorar e instalar
as pousadas. Agora, a gente vai entrar com o projeto de paisagismo
contextualizado, para utilizar plantas nativas”.
Duas das obras em reforma terão a parte física concluída em 15 dias.
Alberto Viana acredita que no próximo verão todas as pousadas
ecológicas já estarão funcionando, “com plano de gestão solidária e
negócio solidário implantado. Essa é a nossa meta”.
Os empreendimentos serão administrados pelos assentados. “Quanto
mais critérios de sustentabilidade tiver, mais demanda eles vão ter”. Os
recursos obtidos com o turismo rural reverterão em benefício das
comunidades e da manutenção das estruturas. Segundo Viana, a intenção do
Incra/BA é levar esse tipo de construção sustentável também para as
casas dos assentados rurais. O problema, acrescentou, “é termos
engenheiros e arquitetos com especialização na área de bioconstrução,
que aproveite [garrafas] PET, que aproveite materiais da região”. Ele
lembrou que não há profissionais especializados nessa área nem no quadro
do Incra nem terceirizados.
O superintendente do Incra no estado do Rio, Gustavo de Noronha,
disse que embora não haja experiência no estado, a meta é introduzir o
conceito de construções sustentáveis nos assentamentos fluminenses de
reforma agrária. O processo, contudo, ainda não foi iniciado.
O que está em fase de implementação no Rio de Janeiro são projetos
de desenvolvimento sustentável (PDS) nos assentamentos ambientalmente
diferenciados. “São dois projetos em fase de implantação. Uma das áreas
já está com pedido de licenciamento ambiental. O nosso objetivo é, nos
próximos anos, dar prioridade, no Rio de Janeiro, à criação de
assentamentos ambientalmente diferenciados”, relatou Noronha. Segundo
ele, nos projetos haverá construções sustentáveis. “Nos PDS, essa
preocupação existe”.
Outra experiência do Incra em termos de sustentabilidade foi feita em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) no Assentamento Trindade, localizado no município de Trindade do Sul (RS). Ela se refere à utilização de aquecimento solar para a limpeza da sala de ordenha. O sistema, copiado de iniciativa realizada pela Emater em Entre Rios do Sul, também no Rio Grande do Sul, trouxe ganhos para as cerca de 47 famílias que habitam o Assentamento Trindade. A energia solar beneficia hoje 22 famílias que trabalham em uma cooperativa que pertence ao assentamento.
O agricultor Adelfo Zamarchi, presidente da Cooperativa de Produção Agropecuária de Trindade do Sul, disse que a medida trouxe como principal benefício a economia de lenha “e, principalmente, os cuidados com o meio ambiente”. Na medida em que o sistema permitiu aquecer a sala de ordenha sem derrubar a mata, os assentados começaram a cuidar da preservação do meio ambiente. “A não destruir mais nada”.
Outra experiência do Incra em termos de sustentabilidade foi feita em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) no Assentamento Trindade, localizado no município de Trindade do Sul (RS). Ela se refere à utilização de aquecimento solar para a limpeza da sala de ordenha. O sistema, copiado de iniciativa realizada pela Emater em Entre Rios do Sul, também no Rio Grande do Sul, trouxe ganhos para as cerca de 47 famílias que habitam o Assentamento Trindade. A energia solar beneficia hoje 22 famílias que trabalham em uma cooperativa que pertence ao assentamento.
O agricultor Adelfo Zamarchi, presidente da Cooperativa de Produção Agropecuária de Trindade do Sul, disse que a medida trouxe como principal benefício a economia de lenha “e, principalmente, os cuidados com o meio ambiente”. Na medida em que o sistema permitiu aquecer a sala de ordenha sem derrubar a mata, os assentados começaram a cuidar da preservação do meio ambiente. “A não destruir mais nada”.
Zamarchi estima que a tendência é que esse tipo de técnica
sustentável se estenda para outros assentamentos do Incra. “Como tem
baixo custo - hoje R$ 500 fazem todo o processo do aquecimento -, o
Incra poderia estender esse processo para todos. Seria benéfico para
todo mundo, não só para salas de ordenha, mas para as próprias
propriedades, para o uso de aquecimento de água para banho, cozinha,
para tudo. Assim que tivermos condições, a ideia é levar também para as
famílias o aquecimento solar”.
A técnica da Emater/RS Carmen Zanella contou que os assentados de
Trindade resolveram levar para a comunidade o processo de aquecimento
solar ao participar de uma excursão à cidade de Entre Rios. “Quando
viram a economia que o aquecimento para a limpeza das salas de ordenha
traria, foi uma coisa fantástica”, disse Carmen. Foram usados na
construção do sistema materiais recicláveis, como caixas de leite e
garrafas PET. A Emater/RS e o Incra/RS estão trabalhando para que mais
famílias de assentados implantem o sistema de aquecimento solar nas
propriedades, “porque o caso de Trindade ainda é em nível de
cooperativa”, explicou.
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Edição: Graça Adjuto
Fonte: Agência Brasil
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