Deputada Bernadete faz pronunciamento sobre o Massacre de Eldorado dos Carajás

Usando da tribuna no grande expediente da Assembleia Legislativa do Estado, a deputada Bernadete ten Caten se pronunciou sobre os assassinatos de trabalhadores rurais sem-terra por ocasião do massacre ocorrido na Curva do S, em Eldorado dos Carajás, no Sul do Pará, quando 21 pais de famílias foram executados numa ação malograda da Polícia Militar, sob o comando do coronel Mário Colares Pantoja, que foi condenado, com outros comandados, a 220 anos de cadeia, porém, até o momento, continua em liberdade, assim como seus parceiros.

Bernadete fez um histórico relembrando a situação, sobretudo dos corpos que viu em decomposição no Instituto Médico Legal, em Marabá. “É um capítulo que não dá para esquecer”, mas ela ressaltou também o que aconteceu posteriormente a esse massacre e os frutos oriundos do sangue derramado desses mártires. Entre esses frutos, destacou a parlamentar, estão o assentamento de cerca de 600 famílias no Assentamento 17 de Abril, na antiga Fazenda Macaxeira, em frente à qual ocorreu a tragédia que marcou o movimento dos trabalhadores do campo, sobretudo no Estado do Pará, há exatos 16 anos, quando Almir Gabriel governava este Estado e, portanto, no entendimento da parlamentar, foi um dos grandes responsáveis pelo ocorrido naquela noite de 17 de abril.

Lembrou a deputada, ainda na Tribuna da Alepa, que o Pará tem, atualmente, mais de 1000 assentamentos, sendo o maior foco de reforma agrária no Brasil, e que isso também é fruto daquele fatídico dia, onde se percebe que o sangue derramado não ficou em vão, porque hoje pode-se dizer que o Estado tem, produzindo no campo, nesses assentamentos, algo em torno de 200 mil famílias.

Outra questão destacada pela deputada Bernadete e que teve o aparte dos deputados Waldir Ganzer e Edmilson Rodrigues, diz respeito à necessidade de se fazer investimentos para que essas famílias permaneçam nos assentamentos, trabalhando dignamente e produzindo nos chamados programas de agricultura familiar, o que, sem dúvida, irá gerar mais ainda emprego e renda, bem como, melhorar as condições de vida dos cidadãos estabelecidos nesses núcleos. “É qualidade de vida, renda e produção garantida de alimentos para essas famílias e para os grandes centros consumidores”, finalizou a parlamentar.