terça-feira, 13 de setembro de 2011

Renda feminina cresce mais do que a do homem

Massa de rendimento da mulher sobe 30,8% em 5 anos, enquanto a deles avança 22,7%. Na classe C, salto é de 48,7%
Mais anos de estudo. Maior presença na universidade. Participação crescente no mercado de trabalho. Expansão dos programas de transferência de renda. Juntos, esses motivos explicam o salto dos ganhos das mulheres nos últimos cinco anos: a massa da renda feminina subiu 30,8%, de 2006 a 2011, passando de R$519,3 bilhões para R$679,5 bilhões. Um ritmo de crescimento que deixou a expansão dos homens para trás. A evolução da massa de renda masculina é menor: de 22,7% (de R$868,3 bilhões para R$1 trilhão). Avanços que foram mais expressivos na classe C. A massa de renda delas avançou 48,6% em cinco anos, para R$333,3 bilhões; enquanto a deles subiu 38,3%, para R$508,8 bilhões.
As conclusões são de pesquisa da consultoria Data Popular feita com exclusividade para O GLOBO. O levantamento evidenciou o lado feminino da nova classe média brasileira: as quase 53 milhões de mulheres da classe C detêm quase metade da renda feminina do país.
- As mulheres passaram a ser protagonistas do mercado de trabalho, do consumo, das decisões. Se a classe C cresceu, deve-se à importância da mulher. Uma relevância que ganha cada vez mais espaço ao aquecer o mercado interno em tempos de crise – afirmou Renato Meirelles, diretor da Data Popular.
Mulheres têm mais escolaridade do que homens
Pelos dados da consultoria, as mulheres estão cada vez mais escolarizadas do que os homens e sua participação nas universidades cresceu quase 60% nos últimos anos – contra 47,2% da presença deles nas faculdades do país. Já representam 57% do total de estudantes de ensino superior. Na nova classe média, em cinco anos, aumentou em 65% a porcentagem de mulheres de classe C que já haviam cursado o ensino superior.
- Desta maneira, a distância entre a renda do homem e da mulher vai caindo, especialmente na classe C. Ainda que essa distância ainda exista – comentou Meirelles, acrescentando que, na nova classe média, os homens ganham, em geral, 39% a mais do que elas; já na classe A, a diferença é de 58,9%. – É bom lembrar que a escolaridade das mulheres é maior que a dos homens em todas as classes sociais. Contudo, nas classes C e D essa diferença é ainda maior, fortalecendo o protagonismo feminino na baixa renda.
Segundo Marcelo Neri, chefe do Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), a maior taxa de escolaridade, a queda da desigualdade e participação no mercado de trabalho explicam parte do avanço da renda das mulheres.
- Programas de transferência social, como o Bolsa Família, e os reajustes do salário mínimo também contribuíram bastante para o crescimento da renda total da mulher. É bom lembrar que o governo concede o dinheiro do Estado para a mulher, que tradicionalmente é a gestora do orçamento da família – afirmou Neri, explicando que o ganho de renda ao longo do anos é um movimento sustentado, pois tem como base o aumento da escolaridade e ainda a maior presença no mundo do trabalho. – O futuro é da mulher.
Com mais dinheiro na bolsa, a mulher também passou a ter ainda mais poder de decisão sobre as compras da família. Não à toa: seu potencial de consumo está em quase R$1,5 trilhão, o que é 106,2% a mais do que em 2002. Sua voz pesa na hora de a família decidir do destino das férias aos produtos de tecnologia da residência.
- A mulher é a grande gestora dos recursos da família. E isso é uma conquista que não volta mais atrás – disse Meirelles.
Elas só não escolhem o carro, brinca Hildete Pereira, professora da UFF. Com mais dinheiro e com crédito farto no varejo, a mulher, especialmente a da classe C, aqueceu o mercado interno e contribui – e muito – para segurar a economia brasileira durante a crise financeira global.
- A mulher, que ainda é a grande responsável pelos filhos, tornou o mercado de trabalho mais dinâmico e isso teve efeitos no consumo do país. Como é a maior responsável pelas decisões de compra da casa, escolhe do fogão à roupa do marido. É preciso olhar atentamente para essa mulher e garantir um cenário para que essa alegria da classe C não acabe.
Grandes varejistas já percebem a importância da classe C e, especialmente, dessa mulher – que, segundo a Data Popular, 33% das mulheres da classe média são chefes de família. No Walmart, por exemplo, quase metade das vendas vem da classe C, ainda que a venda média para classe AB seja 20% a 30% maior do que a da classe C.
- Preço é primordial, mas não é mais o único quesito para atrair essa mulher.
Roupas, bolsas e sapatos podem levar Mariane Alves, de 36 anos, à loucura.
- Eu sou descontrolada – brincou a universitária ao resumir o jeito como consome. – Gosto de gastar – comenta.
Mas a moça faz bem mais do que ir às compras. Hoje, estuda jornalismo numa faculdade particular e, em breve, vai fazer parte do time da nova geração da família que tem diploma de nível superior. Será também um dos orgulhos de seus tios de consideração que, com esforço, ajudam a estudante a realizar seus sonhos.
- Eu e meus primos (de consideração) demos um passo a mais do que nossos tios. Com mais estudo, as oportunidades certamente serão melhores – afirmou Mariane.

Fonte: O Globo apud Blog Os Amigos do Brasil

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