sexta-feira, 2 de setembro de 2011

AVC é a principal causa de morte no Pará


A mancha escura identificada através de uma tomografia no lado esquerdo do cérebro é a constatação da doença que foi responsável pela morte de 9.686 pessoas desde janeiro de 2006 até agosto de 2011 no Pará. Apesar de se apresentar duas formas diferentes, foi o Acidente Vascular Cerebral (AVC) do tipo isquêmico que causou mais mortes de acordo com o registro da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sespa). A forma, caracterizada pela ausência de sangue no cérebro, é também a mais comum, já que 80% dos AVCs são isquêmicos.
De acordo com o neurologista especialista em AVC, Erick Pascoal, a ausência de sangue pode ser causada pelo entupimento de um dos quatro vasos que levam o sangue ao cérebro. “Quando o sangue chega ao cérebro gera uma circulação e equilibra o nível sanguíneo nos dois lados do cérebro, mas, se tem um vazo entupido, uma parte fica sem sangue”, explica. “O AVC é, portanto, uma alteração no sistema que drena o sangue desse tecido cerebral”.
Segundo o médico, por ser ocasionado, na maioria das vezes, pelos chamados fatores de risco, o AVC isquêmico é mais comum em adultos com mais de 50 anos, mas também pode se manifestar em crianças que possuem anemia falciforme e em jovens adultos que apresentam lesões na parede interna do vaso sanguíneo. “As causas mais comuns em idosos são relacionadas ao diabetes, ao colesterol alto, ao fumo, ao alcoolismo e à pressão alta”, enumera.
INIMIGO OCULTO
Foi em decorrência da hipertensão que o pai de Rodrigo Trindade teve a doença, também conhecida como derrame. A dificuldade de falar e a paralisação de um dos lados do rosto foram um aviso de que alguma coisa estava errada, porém, a família não imaginava que esses fossem os sintomas de um AVC. “A família entra em desespero porque ninguém sabe o que está acontecendo”, desabafa Rodrigo. “Nunca imaginamos que ele estivesse fazendo um AVC, esperávamos que ele pudesse ter um infarto, mas não um AVC”.
A primeira e mais grave manifestação da doença deixou sequelas e surpreendeu os familiares. “Ele ficou com amnésia durante um mês. Não reconhecia ninguém”. Já a segunda manifestação, que aconteceu um ano após a primeira, foi mais leve. “Hoje, ele está melhor, mas troca as palavras. A pessoa começa a ter limitações”, diz o filho.
Já os sintomas que acometeram o técnico do Vasco, Ricardo Gomes, no último domingo eram indícios de outra forma da doença, um AVC hemorrágico. Caracterizado pelo vazamento de sangue para o tecido do cérebro, esse tipo da doença pode ser causando tanto pela hipertensão como também pelas más formações vasculares, o chamado aneurisma. “O aneurisma é a dilatação de parte do vaso e ocorre o AVC quando esse ponto se rompe”, explica o neurologista Erick Pascoal.
Essa é a forma mais oferece risco de sequelas para o paciente, já que as chances, quando há sangramento, é de 80%. “Essas sequelas vão desde perda de memória até o estado vegetativo”. Ainda assim, o médico alerta que é possível evitar a doença. “A doença é adquirida na grande maioria das vezes. O tabagismo aumenta em oito vezes a chance de aneurisma”.

Fonte: Diário do Pará

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