“Não quero que me aceitem. Quero que me respeitem”. Essa é o lema que segue como profissão de fé para Carmem Lúcia Paz, prostituta, cientista social com especialização em direitos humanos e, nas horas vagas, modelo da controversa rede Daspu, de moda feita por mulheres prostitutas. Carmen Paz participou ontem da abertura do “Encontro Regional DST/HIV/AIDS e hepatites virais na prostituição, os desafios na Amazônia Legal”. O evento foi iniciado com um inédito - em Belém - desfile dos modelos da Daspu na Estação Gasômetro.
IDENTIDADE
“A ideia maior é discutir políticas públicas para as prostitutas e fazer com que elas lutem pela própria identidade”, diz Lourdes Barreto, decana na luta pelo reconhecimento da categoria e coordenadora do Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará (Gempac).
Isso faz com que, segundo ela, o evento possa vir a contribuir com uma ação de mobilização e formação no enfrentamento às doenças sexualmente transmissíveis e com o cada vez mais crescente fantasma das hepatites virais.
É o que será discutido, por exemplo, durante toda essa sexta-feira no dia efetivo de programação, com debates e mesas temáticas na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“Tem gente de vários lugares, como Amapá, Maranhão, Amazonas, Roraima, Rio de Janeiro, Piauí e Rio Grande do Sul”, diz Lourdes Barreto.
Um dos temas que serão discutidos hoje é a prostituição nas fronteiras, com a participação de um dos coordenadores da ONG Sodireitos, Marcel Hazzeu, que nos últimos anos vem desenvolvendo trabalhos com mulheres que são traficadas nas fronteiras amazônicas.
A feminização da Aids é outro tema que será discutido nas mesas temáticas. “Embora não tenhamos números concretos a respeito das mulheres prostitutas com Aids, sabemos que a situação sempre é preocupante”, diz Lourdes Barreto. A mesa será coordenada pela integrante do Arte Pela Vida, Maria Christina.
Na abertura do evento também houve a sessão de autógrafos do livro “Filha, Mãe, Avó e Puta”, de Gabriela Leite.
LIVRO
Em “Filha, Mãe, Avó e Puta”, a socióloga e ex-prostituta Gabriela Leite conta como uma estudante de filosofia da Universidade de São Paulo - USP - decidiu virar prostituta aos 22 anos e conciliou as relações familiares de filha, mãe e avó com o fato de ter vivido na prostituição.
Fonte: Diário do Pará
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