Com ar-condicionado quebrado, paciente da-UTI pena no ventilador.
Alegando falta de condições de trabalho,
profissionais de saúde de sete dos 12 centros de saúde da área urbana de Marabá
não estão atendendo desde ontem, dia 16. O motivo da paralisação é a absoluta
falta de condições de trabalho para os profissionais de saúde do município. E a
situação ainda pode piorar. Cerca de 35 médicos já manifestaram interesse de
deixar o serviço público por causa dessa falta de estrutura.
Esse desejo coletivo ficou patente durante duas
reuniões realizadas nas noites de quarta-feira e de ontem. Os médicos se
queixam de que, aliado a esse problema, estão os baixos salários e também uma
recomendação do Ministério Público para que eles permaneçam por quatro horas
nos centros de saúde.
Servidores do Hospital
Municipal abriram uma página na rede social Facebook para postar imagens e
apresentar denúncias à sociedade sobre as condições daquela casa de saúde.
Os médicos Marcos Jová
Santos da Silva e Daniel Cardoso de Azevedo deixaram claro que não seria
problema nenhum ficar as quatro horas no posto de saúde, desde que houvesse
condições mínimas de trabalho e o salário fosse pelo menos perto do piso
salarial definido pela federação da categoria, o que a prefeitura não garante.
Para se ter uma ideia da
precariedade da saúde em Marabá, esta semana sete médicos chegaram a registrar
uma ocorrência policial denunciando a falta de produtos básicos no Hospital
Municipal de Marabá (HMM), como soro fisiológico, Buscopan, esparadrapo,
morfina e ainda que o aparelho de Raio X estava quebrado.
Mas além dessa ocorrência
policial, o médico Marcos Jová mostrou uma série de ofícios, datados desde
2011, cobrando material para trabalho tanto no hospital quanto nos postos de
saúde, onde a situação é ainda mais precária.
Nos postos, a maioria dos
pacientes não consegue fazer os exames solicitados pelos médicos, de modo que
os profissionais ficam de mãos atadas para poder dar continuidade ao
atendimento.
Marcos Jová explica que os
médicos estão desanimados e temerosos de trabalhar nessa condição, porque caso
algum paciente morra sem conseguir atendimento, os profissionais poderão
responder por omissão, segundo prevê o Código de Ética Médica.
Por isso, para eles, é
melhor deixar o serviço público, uma vez que as várias tentativas de
sensibilizar a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) nunca foram atendidas.
Marcos Jová cita o caso do médico Wild Cavalcante, que é o único
endocrinologista que atende pela rede pública e que está deixando a prefeitura
porque não tem condições de trabalhar.
“Na verdade o que existe é
um desânimo generalizado”, resume o médico, acrescentando que neste momento a
categoria não está nem brigando por reajuste salarial. O problema todo é a
falta de condições mínimas de trabalho.
MINISTÉRIO PÚBLICO
Marcos Jová disse que a
categoria também ficou indignada com o fato de que a SMS, ao invés de tentar
resolver o problema da estrutura dos hospitais e postos de saúde do município,
está se apegando à recomendação do Ministério Público para determinar que os
médicos fiquem nos postos de saúde mesmo sem ter como atender aos pacientes.
Marcos Jová concorda que
receber um salário por quatro horas de serviço e trabalhar menos que isso pode
representar improbidade administrativa. Mas ficar “fazendo de conta” no local
de trabalho sem ter como atender aos pacientes é omissão. Por isso, a única
saída encontrada é deixar o serviço público, já que o município não parece
disposto a encarar o problema. “Eu sou concursado há um ano e trabalho na
prefeitura há cinco anos, mas para mim não é mais interessante trabalhar assim.
O médico perdeu a função aqui em Marabá”, avalia Marcos Jová.
O profissional acrescenta
ainda que, ao invés de cobrar dos médicos uma permanência no local de trabalho,
o município deveria explicar para a sociedade o porquê de a saúde estar
completamente desassistida e aparentemente sem recursos.
Procurada pela Imprensa, a
Secretaria de Saúde não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta
reportagem.
Por
Ulisses Pompeu – de Marabá
Fonte: Blog do Zé Dudu
0 comentários:
Postar um comentário
Seu comentário será publicado assim que verificado pela moderação do blog.