A ideia de um grupo de opositores de
fazer nova eleição para a diretoria da Cooperativa de Mineração dos
Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), aproveitando o afastamento
determinado pela justiça de Curionópolis (sudeste do Pará) do presidente
da entidade, Gessé Simão, acendeu o estopim de uma invasão da área por
15 mil garimpeiros. Em conversa com o Diário, líderes dos garimpeiros
contrários à destituição dos atuais diretores ameaçam “quebrar no pau”
opositores ligados ao antigo coronel do Exército, Sebastião Curió por
estarem insuflando menos de 100 garimpeiros de outras entidades,
conhecidos por “carteiras amarelas”, para invadir a sede da cooperativa e
forçar a saída da diretoria.
O delegado regional da Coomigasp em São
Luís (MA), Gentil José da Silva vê com tristeza os últimos
acontecimentos e responsabiliza antigos aliados do coronel Sebastião
Curió unidos com o radialista Toni Duarte, ex-aliado de Gessé Simão e
presidente da Associação Nacional dos Garimpeiros (Agasp-Brasil), pela
tentativa de “golpe” contra a atual diretoria. “Isso está causando muita
apreensão entre os garimpeiros e a resposta da categoria pode ser muito
dura”, adverte Silva. Para o delegado da entidade em São Domingos do
Araguaia, Adalto Batista Gomes, as “mentiras e fofocas” passaram dos
limites. “O Gessé limpou o garimpo, expulsou traficantes, pistoleiros e
vagabundos, mas eles querem voltar nos braços dos inimigos históricos de
Serra Pelada, armando um complô de olho no dinheiro que virá com a
exploração do ouro”, disse Gomes. O serviço de inteligência do governo
do Pará já identificou a movimentação dos garimpeiros e garante que a
Polícia Militar está preparada para evitar quebra-quebra e confronto.
Gessé Simão foi afastado sob a acusação
de movimentar R$ 19 milhões da Coomigasp em uma conta particular. Ele
alega que usou conta pessoal, porque isso vem sendo feito desde
diretorias passadas. “Aceitaram débitos até em nome de fornecedores
fantasmas. Há ações judiciais de cobrança que sugam todo o dinheiro que
vier a cair na conta da Coomigasp e se eu deixasse isso acontecer a
cooperativa iria quebrar e nós não poderíamos honrar os pagamentos com
funcionários, atuais fornecedores e mobilização dos garimpeiros para as
assembleias. A juíza que me afastou sabia disso”, acusa Simão.
Ele está recorrendo ao Tribunal de
Justiça do Pará contra a decisão que o afastou. E denuncia. “Agora, que a
mina está próximo de funcionar, com ordem e organização, eles não se
conformam e querem tumultuar. Quero ver eles enfrentarem 38 mil”,
desafia. Simão acusa Duarte de tentar extorqui-lo, exigindo R$ 5 milhões
de propina para não criar problemas, apesar de receber um salário
mensal de R$ 35 mil da entidade. Duarte foi procurado para responder às
acusações, mas não atendeu as ligações feitas para o celular dele.
A mineradora canadense Colossus,
parceira da Coomigasp no projeto de lavra mecanizada, já investiu cerca
de R$ 200 milhões na infraestrutura do projeto.Ela pretende explorar 50
toneladas de ouro nos próximos oito anos, pagando 25% de tudo o que for
produzido aos 38 mil garimpeiros filiados à Coomigasp.
Fonte: Diário do Pará
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