Brasília – A Comissão Nacional da Verdade vai dar suporte ao Grupo
de Trabalho Araguaia (GTA) para a identificação dos restos mortais de
guerrilheiros mortos durante a Guerrilha do Araguaia. De acordo com o
coordenador da comissão, ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), o grupo deve requisitar apoio tecnológico de outros
países para análise de DNA de ossadas encontradas durante as expedições
do GTA.
“Mesmo que a nossa Polícia Federal tenha um instituto de tecnologia e
uma perícia muito avançada, no aspecto de DNA, podemos fazer uma
requisição para os Estados Unidos [e outros países], porque as ossadas
encontradas se desintegram. Essa tecnologia [de identificação por DNA]
não existe aqui”, disse Dipp.
Na semana passada, o GTA fez a exumação de dois restos mortais
localizados, entre os dias 10 e 20 de junho, na região dos estados do
Tocantins e do Pará. Desde a década de 1990, vêm sendo feitas exumações,
tendo sido encontrados 19 restos mortais. De acordo com Dipp, a
situação dos despojos é precária. “Por mais cuidado que se tenha, as
ossadas se desintegram como pó, pois lá a terra é úmida e o calor é
intenso”. Os restos mortais passam por exames antropométricos e por
extração de DNA. Após a perícia, eles serão armazenados no Hospital
Universitário de Brasília.
Um banco de amostras de material genético de parentes de
desaparecidos políticos foi criado em 2006 pela Secretaria de Direitos
Humanos. Segundo o coordenador do GTA pelo Ministério da Defesa, Sávio
Andrade, o banco está quase completo, cerca de 90%. No entanto, mesmo
com esse mecanismo, a identificação ainda é um desafio. “Há a tentativa
de extração de material genético, mas [os despojos] estão muito
degradados”.
Em 2009, a juíza da 1ª Vara Federal do Distrito Federal Solange
Salgado determinou que o governo federal reiniciasse as buscas na
região. Para cumprir a determinação judicial, o Ministério da Defesa
criou o Grupo de Trabalho Tocantins (GTT) com o objetivo de localizar,
recolher e identificar os restos mortais de desaparecidos políticos da
Guerrilha do Araguaia.
Em 2011, o grupo foi reformulado e ampliado e passou a ser conhecido
como Grupo de Trabalho Araguaia. A coordenação é feita conjuntamente
pelos ministérios da Defesa e da Justiça e a Secretaria de Direitos
Humanos. Parentes de mortos e desaparecidos da guerrilha e
representantes do Ministério Público Federal (MPF) também acompanham os
trabalhos.
A Guerrilha do Araguaia foi um movimento político no começo da
década de 1970, que surgiu para enfrentar a ditadura militar. Até hoje,
dezenas de participantes do movimento estão desaparecidos.
Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Edição: Aécio Amado
*Matéria alterada às 14h47 do dia 3/7/2012 para esclarecimento de informação
Fonte: Agência Brasil
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