O Brasil conseguiu universalizar a educação, porém, com uma queda
abrupta de qualidade. A porcentagem do PIB destinada ao setor será
fundamental para mudar esse quadro. Foto: Celso Junior/AE
Esta terça-feira 12 talvez seja o dia mais importante para a educação
brasileira em 2012. Hoje começa a votação que aprovará ou não o novo Plano
Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2011-2020 na Câmara Federal.
Em discussão está a fatia do Produto Interno Bruto (PIB) do País que, por
Constituição, é atrelado anualmente à área educacional. O relator do PNE,
deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), tem em mãos a proposta do governo de 7,5%. Do
outro lado estão educadores e vários deputados ligados ao setor, que pedem 10%
do PIB. A União designa atualmente apenas 5,1%.
O PNE é fruto de um longo processo de discussão pedagógica que culminou com
a realização do Conselho Nacional de Educação, a Conae, em março de 2010. A
Conae reuniu 2800 delegados educacionais do País para desenvolver um documento
unificado que serviu de base para o que está sendo discutido pela comissão
especial da Câmara.
Este novo PNE tem 20 metas para a educação brasileira que deverão ser
alcançadas até 2020 – entre os pontos estão a valorização salarial do
professor, o aumento do atendimento em creche e da população no ensino
superior.
7,5% do PIB não resolverá muita coisa, dizem educadores
O PNE que está em discussão agora é o segundo da história do País. O
primeiro foi elaborado durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso e
contemplava cerca de 300 propostas. A principal delas era destinação de 7% do
PIB para a área educacional, o que foi vetada por FHC, que alegou o difícil
momento econômico do País à época.
Para os especialistas, esse veto fez com que o plano já surgisse natimorto.
“Boa parte deste PNE precisava dessa meta para ser executado. Sem isso, virou
apenas uma carta de intenções”, diz o professor Idevaldo Bodião, da Universidade
Federal do Ceará (UFC), militante da Campanha Nacional pelo Direito à Educação
e um dos redatores do projeto do Conae. “Mas é bom frisar: Lula assumiu o
governo e em nenhum momento mudou esse veto, embora pudesse fazê-lo”, lembra.
O professor Nelson Cardoso Amaral, da Pós-Graduação da Faculdade de Educação
da Universidadade Federal de Goiás (UFG), é autor de um estudo que balizou a
Conae para a necessidade de ao menos 10% do PIB atrelado ao setor educacional.
Segundo Amaral, essa quantia agora seria fundamental para tirar o atraso da
educação brasileira até a metade do século. “O Brasil escolhe agora como será o
seu futuro. Se tivermos 10% do PIB agora, tiramos o atraso (em relação aos
países similares ao Brasil) até 2030. Com 7%, só em 2040”.
“O que está em jogo é a qualidade da educação que será oferecida”, diz
Bodião. “O governo prevê creches, escola integral, etc. Mas com que qualidade
isso se dará? Nós entendemos que isso só virá com os 10%, ou corremos o risco
de continuar com a mesma situação desde os anos 1990, quando a universalização
do ensino ocorreu com a queda abrupta de qualidade”.
A expectativa é que a comissão especial da Câmara vote o projeto até a noite
desta quarta-feira 13.
Fonte: Carta Capital
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