Brasília - Após discursar hoje (10) na Universidade de Harvard, nos  Estados Unidos,  a presidenta Dilma Rousseff disse que as questões de  direitos humanos não podem ser objeto de "luta política". A afirmação  ocorreu em resposta a uma aluna da universidade, que citou a situação de  uma prisioneira política na Venezuela.
  Dilma evitou falar sobre o caso citado, mas disse que a questão precisa  ser discutida de forma "multilateral". E acrescentou: “Do ponto de  vista do Brasil, sempre que podemos e temos oportunidade manifestamos o  interesse do país em defender os direitos humanos. Agora posso te dizer  uma coisa, o Brasil tem grandes desrespeitos aos direitos humanos. Não  sei como acontece, não tenho como impedir que nas delegacias do Brasil  não haja tortura".
  Disse a presidenta: "Sei o que acontece em Guantanamo. Sei muito bem o  que acontece, nessa prisão aí que você está falando eu não conheço, mas  se é uma pessoa que está presa, é uma pessoa que está em condições  desfavoráveis. Mas eu considero que direitos humanos não podem ser  objeto de luta política e não farei luta política com isso, porque não  considero que existe só um país ou grupo de países que viola os direitos  humanos. Por isso gostaria de discutir essa questão sempre  multilateralmente, porque sei que se usa essa questão politicamente.”
  A presidenta Dilma Rousseff também evitou fazer críticas ao presidente  venezuelano Hugo Chávez. “Primeiro queria dizer para você que tenho um  grande respeito pelo Chávez e não me arrogo o direito de fazer  recomendação para país nenhum, acho isso muito perigoso, assim como não  gostaria que fizessem comentários sobre meu país. Agora espero que ele  melhore de saúde, eu já lutei contra um câncer, espero que ele se  recupere", disse a presidenta.
  O discurso de Dilma foi feito no fórum que leva o nome do ex-presidente  norte-americano John Kennedy e que funciona como uma "arena política"  para debates. Esse local regularmente acolhe chefes de Estado, líderes  políticos, de negócios e da mídia. Quando era ministra de Minas e  Energia, Dilma Rousseff acompanhou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da  Silva em sua passagem pela instituição de ensino.
  De acordo com a Universidade de Harvard, a missão do Instituto de  Política, ao receber essas personalidades, é envolver os alunos,  principalmente os de graduação, políticos, ativistas e formuladores de  políticas em uma base não partidária para inspirá-los a considerar uma  carreira na política.
  Dilma ainda lembrou que os estudos da Universidade de Harvard foram  fundamentais para a concepção do programa Luz Para Todos, lançado no  governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de  levar energia elétrica a regiões rurais.  "É impossível ter acesso ao  desenvolvimento econômico e à civilização sem luz elétrica", disse a  presidenta.Ao responder a uma pergunta de outra aluna, sobre que  conselho daria às mulheres, Dilma recorreu a uma de suas frases mais  pronunciadas durante a campanha: "Elas [as mulheres] podem".
  A presidenta brasileira também elogiou a política de governo  transparente defendida pelo presidente Barack Obama e disse que o Brasil  está empenhado em solucionar o problema da corrupção. "Concordo com o  governo aberto defendido pelo presidente [Obama], que prevê  transparência e um grande esforço no sentido de lutar sistematicamente  e,  ao mesmo tempo, tomar providência, doa a quem doer", disse Dilma.
  "A democracia é que nem o sol: o melhor antídoto para atos de  corrupção. Quanto mais pessoas participarem, menos haverá espaço para  políticos que cometem atos que não são corretos”, afirmou.
  Dilma também explicou que não tem como tratar das questões ligadas a  brasileiros que migraram para os Estados Unidos. Segundo ela, a única  parte que cabe ao governo é garantir melhores condições de atendimento a  essa população por meio dos consulados. "Não tenho de dar conta deles.  As pessoas que moram aqui tem acesso a outras oportunidades que [outros]  que moram no Brasil não têm. Não tenho como atender os imigrantes, o  que tenho de fazer é colocar todo consulado no sentido de melhorar as  [suas] condições", disse a presidenta.
  Dilma voltou a defender que os países ricos não exijam políticas  fiscais de países atingidos pela crise, não exijam políticas fiscais dos  países emergentes e superavitários nesse contexto de crise. Segundo  ela, isso impede o crescimento dos emergentes e não é a solução para a  retomada da prosperidade no mercado internacional. A presidenta defendeu  que o mercado interno forte brasileiro é que fez com que o país não se  abalasse diante das turbulências internacionais.  “Se não fosse por  isso, um espirro aqui fora levava a uma pneumonia no Brasil”, disse a  presidenta.
  “Durante 20 anos aplicamos só processos de consolidação fiscal. Melhor  dizendo, ajuste fiscal radical. E tivemos extremas dificuldades de sair  de um processo de estagnação, de crescimento baixo, de ausência de  políticas sociais para as cidades brasileiras. Sequer tivemos um  programa habitacional decente", observou.
  Dilma lembrou ainda que o fato de o Brasil ter passado de devedor a  credor do Fundo Monetário Internacional (FMI) deu mais autonomia ao país  na condução de sua política econômica e nas decisões de implementar  políticas públicas com vistas a reduzir a miséria e a desigualdade  social no país.
  "O Brasil liquidou seu débito com o FMI. Isso foi importante porque  tomamos toda a condução da política econômica e social. Isso é um fator  de muito dinamismo na nossa economia. Era voz corrente no Brasil que não  era possível ter crescimento econômico e resolver a imensa questão da  desigualdade de renda. Ainda temos que chegar a 16 milhões de  brasileiros que sabemos onde estão e quem são", disse a presidenta que  definiu o Brasil como um país complexo.
  “Temos de, ao mesmo tempo em que tratamos de uma questão do final do  século 19, assegurar rede de banda larga nas principais regiões e  caminhar para tornar o Brasil um país ligado a toda a estrutura do  futuro, que é essa economia do conhecimento”, finalizou.
Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
  Edição: José Romildo
Fonte: Agência Brasil 






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